Nada de mais...
É um blog onde todas as ideias, relatos, pensamentos podem surgir! E porque não escrever o que nos vai na alma?
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Doi-me a cabeça...
Por favor não me incomodem... Não venham com conversas e promessas de que tudo vai ficar diferente, de que tudo vai melhorar. Não venham com promessas... Doí-me demasiado a cabeça para ouvir lamechices. Mudem de assunto... Esse já cansa...
Vagarosamente, mergulhou. O mundo, sob a superfíce das águas, continuava tranquilo ... e silencioso. O silêncio era, aliás, uma característica única no reino de Neptuno; abaixo da superfície, as criaturas regiam-se por um código de silêncios, entrecortado de curtos chamamentos, alguns silvos mas, principalmente... muito silêncio. Uma anémona estendeu-lhe os tentáculos, ondulantes ao sabor da corrente. Alguns raios de luz, tremeluzentes, projectavam-se sobre o fundo arenoso, imitando uma dança fantasmagórica de luz e sombra, formando padrões caleidocópicos, irrepetíveis. Espreguiçou-se, prazenteiro. A vida é bela – pensou – e eu sou um felizardo... Um grupo de pequenos peixes coloridos desviou-se, timidamente, procurando refúgio sob as folhas protectoras de uma alga. Ignorou-os. Adorava aquela sensação de liberdade, dos espaços vazios, da corrente mansa que ora o puxava, ora o arrastava de encontro aos corais, impávidos e serenos, a contemplar os raios de sol, filtrados pelas águas cristalinas. Nadar sob a superfície das águas era – sembre o soubera – quase como voar; uma sensação de leveza, de desprendimento, de abandono. De êxtase, até. Contornou um banco rochoso e ... lá estava ele. Emergindo das profundezas, como um gigantesco esqueleto, os destroços da velha embarcação de piratas contrastavam com a areia branca, aqui e ali já envoltos por uma manto verde de pequenas trepadeiras e uma minúscula penugem, que brevemente se iria transformar em musgo. Há quanto tempo ali estaria ? Sempre o conhecera ali... imóvel e vigilante, a servir de refúgio aos cardumes de peixes tropicais que o haviam adoptado como lar. Contornou-o, vagarosamente, afugentando os desconfiados ocupantes que, contra-vontade, viam a sua casa invadida pelos olhares furtivos daquele intruso. Um pequeno peixe azul brilhante surgiu de repente, por entre as vigias da ponte, para logo voltar a desaparecer. O mastro principal, porventura outrora majestoso, de velas brancas desfraldadas ao vento, jazia agora no convés, partido em dois; até a roda do leme, por um provável capricho do movimento das águas, rodava sózinha, guinchando lúgubre nos eixos enferrujados... Sempre gostara de visitar aquele local. Transmitia-lhe uma paz acrescida, talvez por lhe soltar a imaginação, ou simplesmente pelos inúmeros recantos que podia explorar... quem sabe até, encontar algum tesouro ... Ia precisamente entrar por um dos orificios do casco quando a superfície das águas estremeceu. Olhou para cima, ao mesmo tempo receoso e impaciente. Pequenas sombras desenhavam-se na superfície, impedindo a luz de se projectar sobre o fundo de areia. O tempo passara assim tão depressa ?
Agitou as barbatana douradas e lançou-se para a superfície. Aquelas sombras só podiam significar uma coisa... comida. Para trás ficou o pequeno barco de piratas, já revestido de um manto de musgo verde, as conchas, o tubo transparente por onde saíam intermináveis bolhas de ar, mesmo junto da roda do leme. Voltou a contornar a anémona e o bando de peixinhos coloridos que, como ele, se projectavam sôfregos para a superfície, na busca dos pequenos pedacinhos de alimento que alguém atirava nesse momento para dentro do aquário. - A vida é bela – voltou a repetir, enquanto abocanhava o primeiro pedacinho de alimento - ... e eu sou um felizardo...
Eu nem digo nada. Deixo um abraço e saio de mansinho para não fazer barulho. Mas antes de sair vou deitar mais um olhinho ao novo look que está fabuloso.
Vagarosamente, mergulhou.
ResponderEliminarO mundo, sob a superfíce das águas, continuava tranquilo ... e silencioso.
O silêncio era, aliás, uma característica única no reino de Neptuno; abaixo da superfície, as criaturas regiam-se por um código de silêncios, entrecortado de curtos chamamentos, alguns silvos mas, principalmente... muito silêncio.
Uma anémona estendeu-lhe os tentáculos, ondulantes ao sabor da corrente.
Alguns raios de luz, tremeluzentes, projectavam-se sobre o fundo arenoso, imitando uma dança fantasmagórica de luz e sombra, formando padrões caleidocópicos, irrepetíveis.
Espreguiçou-se, prazenteiro.
A vida é bela – pensou – e eu sou um felizardo...
Um grupo de pequenos peixes coloridos desviou-se, timidamente, procurando refúgio sob as folhas protectoras de uma alga.
Ignorou-os.
Adorava aquela sensação de liberdade, dos espaços vazios, da corrente mansa que ora o puxava, ora o arrastava de encontro aos corais, impávidos e serenos, a contemplar os raios de sol, filtrados pelas águas cristalinas.
Nadar sob a superfície das águas era – sembre o soubera – quase como voar; uma sensação de leveza, de desprendimento, de abandono. De êxtase, até.
Contornou um banco rochoso e ... lá estava ele.
Emergindo das profundezas, como um gigantesco esqueleto, os destroços da velha embarcação de piratas contrastavam com a areia branca, aqui e ali já envoltos por uma manto verde de pequenas trepadeiras e uma minúscula penugem, que brevemente se iria transformar em musgo.
Há quanto tempo ali estaria ?
Sempre o conhecera ali... imóvel e vigilante, a servir de refúgio aos cardumes de peixes tropicais que o haviam adoptado como lar.
Contornou-o, vagarosamente, afugentando os desconfiados ocupantes que, contra-vontade, viam a sua casa invadida pelos olhares furtivos daquele intruso.
Um pequeno peixe azul brilhante surgiu de repente, por entre as vigias da ponte, para logo voltar a desaparecer.
O mastro principal, porventura outrora majestoso, de velas brancas desfraldadas ao vento, jazia agora no convés, partido em dois; até a roda do leme, por um provável capricho do movimento das águas, rodava sózinha, guinchando lúgubre nos eixos enferrujados...
Sempre gostara de visitar aquele local. Transmitia-lhe uma paz acrescida, talvez por lhe soltar a imaginação, ou simplesmente pelos inúmeros recantos que podia explorar... quem sabe até, encontar algum tesouro ...
Ia precisamente entrar por um dos orificios do casco quando a superfície das águas estremeceu.
Olhou para cima, ao mesmo tempo receoso e impaciente.
Pequenas sombras desenhavam-se na superfície, impedindo a luz de se projectar sobre o fundo de areia.
O tempo passara assim tão depressa ?
Agitou as barbatana douradas e lançou-se para a superfície. Aquelas sombras só podiam significar uma coisa... comida.
Para trás ficou o pequeno barco de piratas, já revestido de um manto de musgo verde, as conchas, o tubo transparente por onde saíam intermináveis bolhas de ar, mesmo junto da roda do leme.
Voltou a contornar a anémona e o bando de peixinhos coloridos que, como ele, se projectavam sôfregos para a superfície, na busca dos pequenos pedacinhos de alimento que alguém atirava nesse momento para dentro do aquário.
- A vida é bela – voltou a repetir, enquanto abocanhava o primeiro pedacinho de alimento - ... e eu sou um felizardo...
Eu nem digo nada. Deixo um abraço e saio de mansinho para não fazer barulho. Mas antes de sair vou deitar mais um olhinho ao novo look que está fabuloso.
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